A importância da Reabilitação Pós-Cirúrgica
Uma cirurgia implica uma incisão, um corte nos tecidos. É o equivalente, portanto, a uma lesão, e necessita, da mesma forma, de reabilitação, no sentido de garantir que a regeneração do local intervindo ocorra sem a formação de sequelas.
Uma pequena cicatriz, por mais pequena que seja, pode induzir diversas alterações no corpo humano, inclusive alterações posturais. Isto porque de uma cicatriz podem surgir fibroses, diminuição da mobilidade e elasticidade dos tecidos e disfunções da fáscia, que a longo prazo criam tensões musculares capazes de modificar o nosso alinhamento postural. O objetivo da fisioterapia no pós-cirúrgico é prevenir a ocorrência destas complicações, assim como minimizar os sinais inflamatórios, dor, edema e hematomas decorrentes da intervenção cirúrgica.
Muitas vezes os nossos pacientes questionam-se sobre quando podem iniciar as sessões de reabilitação pós-cirúrgica, e embora haja alguma discrepância de opiniões na comunidade médica, a verdade é que o paciente pode começar mal retire os drenos (caso existam). Quanto mais cedo começar, mais precoce será a nossa intervenção e, portanto, maior sucesso terá o tratamento. A aplicação das técnicas utilizadas, que passam normalmente por drenagem linfática manual, libertação e terapia miofascial, mobilização da cicatriz e ultra-som, será sempre de acordo com o estadio do paciente, e a evolução do tratamento acompanhará a evolução do paciente. Os nossos tratamentos são sempre personalizados, de modo que nenhuma sessão de pós-cirúrgico de um paciente será igual à do outro, mesmo que a cirurgia tenha sido a mesma. Cada corpo tem a sua capacidade e velocidade de regeneração, uns recuperam mais lentamente que outros, da mesma forma que a produção de colagénio também é variável. Peles mais finas têm tendência a ter menor produção de colagénio, e, portanto, o risco de formação de queloide é inferior, ao contrário do que acontece com peles mais grossas e duras, cujo colagénio tende a crescer de forma mais desorganizada. A aplicação e técnicas de mobilização da cicatriz vai ajudar na organização das fibras de colagénio e evitará o surgimento de fibroses, promovendo a cicatrização e melhorando o aspeto da cicatriz, para que depois se torne praticamente impercetível.
O número de sessões necessárias de uma reabilitação pós-cirúrgica depende de caso para caso, mas é importante que o paciente tenha em mente que deve manter as sessões de pós-cirúrgico pelo menos até à retirada dos dispositivos de contenção (soutiens, cintas, etc.), de forma a ser feita uma reeducação para as atividades da vida diária sem o uso dos mesmos.
Por:
Diana Silva
Fisioterapeuta Coordenadora do Instituto Médico Privado